Desejamos encontrar a felicidade no amor, mas muitas vezes, apesar de nossos esforços, as coisas não saem como planejamos. O que pode estar causando isso? No primeiro texto desta série de artigos, enfatizamos que não há uma fórmula mágica para a felicidade no amor, mas que a prática, a persistência, a paciência e a perseverança desempenham papéis essenciais. É necessário aplicar todas essas qualidades para fazer as mudanças e ajustes necessários que nos permitirão alcançar e manter a felicidade amorosa, mesmo quando parece que nossos esforços não estão produzindo resultados.
A vida revela a verdade, mostrando os resultados de nossas ações, sejam elas conscientes ou inconscientes. Em ambos os casos, somos influenciados por reflexos que podem ser provenientes de vários aspectos, sejam eles positivos ou negativos, que adquirimos ao longo de nossas vidas, como educação, cultura, criação, amizades e relacionamentos.
Condicionamentos Negativos Inconscientes.
Imagine alguém que cresceu vendo um rio sujo e poluído à sua frente desde a infância. Para essa pessoa, a água suja é considerada normal, já que sempre foi assim. No entanto, só ao entrar em contato com a água suja e experimentar as consequências negativas da poluição, ela perceberá que, embora outras pessoas possam entrar na água sem problemas, o contato com o rio poluído é prejudicial à saúde.
O motivo pelo qual enfrentamos situações opostas ao que desejamos pode ser que nossas crenças sobre o que nos fará felizes, na verdade, nos afastem de nossos objetivos.
O mesmo princípio se aplica quando buscamos algo essencial, como água, mas acabamos consumindo água suja que nos prejudica, acreditando que nos fará bem. Muitas vezes, carregamos crenças que acreditamos serem benéficas para nossa felicidade, quando, na realidade, elas têm o efeito oposto. Isso ocorre quando não estamos conscientes o suficiente sobre a realidade e permitimos que impulsos inconscientes, crenças e hábitos influenciem nossas escolhas, como a crença de que a felicidade está ligada a ter um parceiro afetivo ou a dificuldade em aceitar o parceiro como ele é, sem reconhecer as lições que estão implícitas nas situações.
Frequentemente, as pessoas têm dificuldade em abrir mão da ideia de que precisam de um parceiro para serem felizes, mesmo que não desejem conscientemente desfazer-se dessa crença. Elas resistem a considerar a possibilidade de ficarem sozinhas. No entanto, se conseguirmos encontrar contentamento sozinhos, por que rejeitar essa ideia? O medo da solidão pode ser tão avassalador e deprimente que muitas vezes o rejeitamos vigorosamente. É precisamente por essa resistência que acabamos nos encontrando em situações indesejadas. Quando algo nos causa repulsa intensa, é um sinal para investigarmos com cuidado.
Não se trata de nos forçarmos a aceitar ou engolir o que rejeitamos, mas de aprender a lidar com o que evitamos, seja uma pessoa, um sentimento, um pensamento ou uma situação.
Frequentemente, o que mais nos incomoda é o que nos fornece insights sobre nossos medos, inseguranças ou conflitos internos. No entanto, essas experiências podem ser tão dolorosas ou desconfortáveis que tentamos evitá-las a qualquer custo, criando desculpas para escapar delas. Uma situação ou pessoa pode não ser ideal, mas não estaríamos em contato com ela se não tivéssemos algo a aprender a partir dela.
Meus Desejos São Saudáveis?
Muitas vezes, buscamos nossa “metade” com a crença de que isso nos levará ao parceiro perfeito. No entanto, desejos excessivos, controle, desespero e ansiedade – condicionamentos que muitos de nós carregamos – podem nos afastar dessa possibilidade. Às vezes, o que pensamos ser um desejo é, na verdade, um vazio interior que precisa ser trabalhado. Podemos também rejeitar certas características e comportamentos do parceiro como inaceitáveis, pressionando-o para mudar, sem considerar o que precisamos transformar em nós mesmos.
Mesmo quando estamos comprometidos em nos aprimorar e harmonizar, e estamos fazendo terapia, meditando e procurando maneiras de nos sentir bem, ainda enfrentamos desafios e testes que exigem consciência, prática, disciplina, paciência e perseverança. Podemos nos perguntar por que, mesmo quando nos esforçamos, as coisas parecem piorar e o que mais tememos acontece.
Essas situações representam testes práticos, oportunidades reais de superar medos e limitações, e de mudar o rumo de nossa história.
Se temos medo da solidão, não podemos fugir dele. Somente enfrentando esses sentimentos e pensamentos negativos seremos capazes de superá-los. Se desejamos que nosso parceiro mude, talvez seja necessário aprimorar nossa comunicação, conciliação de interesses e flexibilidade, além de aprender a expressar nossas próprias necessidades de forma saudável e ouvir as necessidades do parceiro de maneira construtiva.
O Que Precisa Ser Equilibrado?
Normalmente, o comportamento do parceiro revela desequilíbrios em nós mesmos. Se percebemos falta ou excesso de tolerância, controle, autoridade ou generosidade, o parceiro atua como um espelho, mostrando o que precisa ser harmonizado em nós. Mesmo que seja frustrante, as situações desconfortáveis são oportunidades para evoluir, mesmo que o progresso pareça mínimo no início.
O fortalecimento da autoestima e do poder pessoal é fundamental em qualquer processo de harmonização. Mesmo aqueles que acreditam se amar e serem fortes precisam trabalhar em si mesmos.
Às vezes, mesmo quando estamos conscientes e trabalhamos para mudar, repetimos os mesmos padrões e enfrentamos resultados frustrantes. No entanto, o simples fato de estarmos mais conscientes e de reconhecer nossas atitudes e áreas a serem trabalhadas já é um grande passo.
Isso pode não resultar em mudanças significativas no início, mas prepara o terreno para o progresso futuro.
Nesse ponto, precisamos ter paciência e perseverança, mesmo que não vejamos resultados imediatos. Desistir apenas nos leva de volta à frustração inicial, enquanto continuar tentando nos permite seguir em direção ao nosso objetivo. Reclamar não ajuda em nada e torna o caminho mais difícil. Portanto, é importante parar de se lamentar, sacudir a poeira e continuar avançando.